31.12.08

2008 - A retrospectiva inevitável

Os 10 melhores

O Assassínio de Jesse James pelo Cobarde Robert Ford
Expiação
Haverá Sangue
Juno
Persépolis
Este País Não É Para Velhos
4 Meses, 3 Semanas, 2 Dias
O Meu Irmão É Filho Único
O Cavaleiro das Trevas
WALL-E


Surpresas

Nome de Código: Cloverfield
O Comboio das 3 e 10
Lars e o Verdadeiro Amor
Um Belo Par... de Patins
Aquele Querido Mês de Agosto


Desilusões

Uma Segunda Juventude
I'm Not There - Não Estou Aí
Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal
Mamma Mia!
Ensaio Sobre a Cegueira


Papelões

Casey Affleck - O Assassínio de Jesse James pelo Cobarde Robert Ford
Anamaria Marinca - 4 Meses, 3 Semanas, 2 Dias
Daniel Day-Lewis - Haverá Sangue
Javier Bardem - Este País Não É Para Velhos
Heath Ledger - O Cavaleiro das Trevas
Josh Brolin - W


Os títulos (e ante/subtítulos) mais inúteis e imbecis

Não Me Toques nas Bolas (Balls of Fury)
Nome de Código: Cloverfield (Cloverfield)
Uma Caloira. Sete Paspalhões (Sydney White)
Michael Clayton - Uma Questão de Consciência (Michael Clayton)
Giras e Passadas (St. Trinian's)
Um Belo Par... de Patins (Forgetting Sarah Marshall)
Grande Moca, Meu! A Fuga (Harold and Kumar Escape from Guantanamo Bay)

30.12.08

Estreias da semana

O conflito israelo-árabe em animação numa produção israelita (melhor timing seria impossível), o último de Guy Ritchie (antes do antecipado Sherlock Holmes), oportunidade para ver Gerald Butler completamente vestido depois de 300, Simon Pegg a experimentar Hollywood (possivelmente mal) e Diane Keaton em mais uma comédia inconsequente.

Up - Importa-se de repetir?

... terá dito o senhor executivo importante da Disney quando o enviado dos estúdios Pixar lhe resumiu a história do último filme dos pais de Wall.E, Nemo e dos Incríveis. E a repetição dificilmente conseguiu dissipar a incredulidade. "Um septuagenário rezingão ata milhares de balões à sua casa e ruma à América do Sul pelos ares fora, acompanhado por um escuteiro obeso."Lá para Maio do ano que vem.


29.12.08

Os Produtores

Anunciada (ou ameaçada) a encenação portuguesa de Os Produtores com o inevitável elenco de bradar aos céus, parte de uma ofensiva concertada para destruir o imaginário cinematográfico do país com adaptações aberrantes de musicais famosos (Obrigadinho, Filipe!), fica aqui este vídeo retirado da adaptação ao cinema do musical teatral adaptado de um filme original de Mel Brooks (confuso, não?) em jeito de protesto.



Com um pouco de esforço, poderia ter alguma graça que um filme cujo enredo é baseado numa monumental piada de mau gosto desse origem a uma adaptação portuguesa com a trigueira, estrábica e cavalar Rita Pereira como beldade sueca. Poderia ser uma continuação da piada original. Mas não é.

Bolt


O cachorro e demais bichos são adoráveis e a história é original. De um género que produziu Wall.E e Shrek, mas que também gerou Madagáscar e Shrek 3, não se poderia exigir muito mais do que estes dois elementos combinados. Bolt é o protagonista canino de uma série televisiva, levado a acreditar que possui super-poderes para maximizar o realismo. Evadindo-se para o mundo real em busca da sua pessoa de estimação, percebe que os super-poderes que julgava possuir não vão muito além de conseguir lamber os próprios genitais. Uma situação com a qual muitos de nós gostariam de se poder identificar.

Classificação: http://inepcia.com/cinemateca/olho4-5b.gif

Bolt

De: Byron Howard e Chris Williams

Com: John Travolta, Miley Cyrus, Susie Essman (vozes)

Origem: http://inepcia.com/cinemateca/us.gif

Ano: 2008

28.12.08

Austrália



Ideia para um épico patriótico português


Algures na imensidão remota do Alto Minho, circa 1991

Uma mulher afoita e decidida não se deixa abalar pelo fracasso da carreira como cantora popular de índole pimba e retira-se da capital para uma remota aldeia minhota, pretendendo reabilitar o rebanho caprino familiar numa região onde os homens são homens, as mulheres são mulheres e os presuntos de Chaves são grandes nacos de carne com pronúncia trasmontana. Certo dia, entre malgas de caldo verde, sardinhas em lata e pão-de-ló, consegue um subsídio agrícola da CEE a fundo perdido , livra-se das cabras e constrói uma vivenda com garagem para o seu novíssimo veículo todo-o-terreno. É neste momento crucial que chega Baz Luhrmann à aldeia para promover Austrália, o seu novo filme. Em reunião com os rústicos aldeões no adro da igreja, explica tratar-se de uma tentativa com ambições monumentais de captar a essência do seu país de origem por intermédio de uma história de amor, traição, violência e vacas, povoada por personagens arquétipo como a aristocrata fria mas de bom coração, o vaqueiro mutante com garras retrácteis, a criancinha adorável e injustiçada, o aborígene nobre e místico, o magnata tirano ou a personagem secundária do Senhor dos Anéis convertida em vilão discreto mas odioso quanto baste. Os aldeões, que até tinhm gostado bastante de Romeu e Julieta e Moulin Rouge ponderam as palavras do visitante célebre por um momento, mas não se deixam convencer, argumentando que Austrália tem, no mínimo, uma hora a mais do que deveria, estando polvilhado com momentos de melodrama excessivo e, por vezes, parecendo uma longuíssima promoção institucional do turismo do país homónimo e das qualidades fundamentais (mais ou menos ficcionadas) das suas gentes. O realizador encolhe os ombros e pede uma rodada de tinto enquanto o rancho folclórico se prepara para actuar.

Classificação: http://inepcia.com/cinemateca/olho3-5b.gif

Australia

De: Baz Luhrmann

Com: Nicole Kidman, Hugh Jackman, Brandon Walters

Origem: http://inepcia.com/cinemateca/au.gifhttp://inepcia.com/cinemateca/us.gif

Ano: 2008

4 elementos: Filmes com nomes de países no título



Brasil


(Brazil)

1985

De: Terry Gilliam

Com: Jonathan Pryce, Robert DeNiro, Bob Hoskins

Recomendado a: Burocratas, rebeldes contra o sistema e apreciadores da esquizofrenia criativa de um ex-Monty Python.



Passagem para a Índia


(A Passage to India)

1984

De: David Lean

Com: Judy Davis, Victor Banerjee, Peggy Ashcroft

Recomendado a: Bem-intencionados étnicos, espíritos abertos europeus e a quem queira ver Alec Guinness como indiano de turbante.



Hotel Ruanda


(Hotel Rwanda)

2004

De: Terry George

Com: Don Cheadle, Nick Nolte, Sophie Okonedo

Recomendado a: Hutus, tutsis, capacetes azuis e genocidas potenciais.



Tuvalu


1999

De: Veit Helmer

Com: Denis Lavant, E.J. Calahan, Chulpan Khamatova

Recomendado a: Todos os que já se deram ao trabalho de procurar Tuvalu num mapa.

27.12.08

Óscares em boato

As fichas de voto acabam de ser enviadas aos membros da Academia e, de acordo com fonte muito pouco segura, começam a formar-se tendências e consensos. A lista dos primeiros boatos segue abaixo.

Melhor Filme: Slumdog Millionaire

Melhor Realizador: Danny Boyle (Slumdog Millionaire). Ao que parece, David Fincher poderia ter hipóteses por The Curious Case of Benjamin Button se não fosse considerado "um parvo" (sic).

Melhor Actriz: Merryl Streep (Doubt) ou Cate Blanchett (The Curious Case of Benjamin Button), com inclinação para a primeira.

Melhor Actor: Sean Penn (Milk), Frank Langella (Frost/Nixon), Clint Eastwood (Gran Torino), Mickey Rourke (The Wrestler), todos com possibilidades sérias (tão sérias quanto os boatos permitem).

Melhor Actor Secundário: Heath Ledger (The Dark Knight).

26.12.08

Super-heróis visionários tramados pelo tribunal



A adaptação ao cinema de Watchmen, uma das primeiras obras de banda desenhada a ser avaliada em igualdade com a literatura não ilustrada, encontra-se na origem de um imbróglio jurídico de resolução difícil. Depois de uma longa gestação do projecto, envolvendo uma grande parte dos estúdios de Hollywood, a Fox reclama direitos de produção ou, no mínimo, de distribuição de qualquer adaptação cinematográfica da obra de Alan Moore e o tribunal de Los Angeles parece inclinado a aceitar este argumento em prejuízo da Warner Brothers, que tem em mãos um filme praticamente concluído e pronto a estrear em 2009 (6 de Março). Se as duas partes não chegarem a acordo, os espectadores correm o risco de não ter o filme nas salas tão cedo.

He'll be back (Terminator Salvation)

Não há duas sem três e, aparentemente, também não há três sem quatro. Os fãs da série Terminator já salivam com a estreia em 2009 de Terminator Salvation e os menos ávidos limitar-se-ão a encolher os ombros e a olhar para o lado como se nada se passasse. O realizador (um ser enigmático e potencialmente alienígena que dá pelo "nome" de McG) foi responsável pelos dois Charlie's Angels, mas a presença de Christian Bale no papel de John Connor poderá motivar uma espreitadela. Entretanto, surgiu pela internet esta fotografia de Bale a enfiar o dedo onde não deve.

Disney manda Aslan para a Nárnia que o pariu



A Walden Media passa a estar sozinha no projecto de adaptação de The Voyage of the Dawn Treader, volume seguinte das Crónicas de Nárnia de CS Lewis (por ordem de publicação, não pela ordem de leitura definida pelo autor) depois de a Disney se ausentar da empreitada "para comprar tabaco" e sem intenções de regressar. O motivo será o custo elevado dos dois capítulos já produzidos e a quebra considerável nas receitas de Prince Caspian (2008) depois de um resultado muito positivo de The Lion, the Witch and the Wardrobe em 2005. Tal poderá explicar-se pela infeliz estreia entre Iron Man o novo Indiana Jones, mas receia-se alguma saturação do público para aventuras infanto-juvenis manifestada na apatia relativa com que foram recebidos alguns projectos recentes do género (Harry Potter à parte). Como única saída, a Walden precisará de encontrar novo parceiro (talvez a Fox?) ou a história cinematográfica do leão Aslan e dos irmãos Pevensie poderá ter chegado ao fim.

5 filmes

Apetecia-me voltar a fazer mais uma lista de 5 filmes de um actor ou realizador como as que foram publicadas no site que antecedeu este blog (Fila-Jota), mas os responsáveis pela versão recentemente reabilitada do site de cinema do Sapo lembraram-se de uma secção exactamente igual. É que até o número é o mesmo. Ele há coincidências do raio.

Paciência. Começo a fazer listas de 3 filmes. Felizmente, há uma provisão inesgotável de algarismos.

22.12.08

O meu filme de Natal



Mesmo com Jimmy Stewart, com as assombrações natalícias de Tim Burton e até com as peripécias infantis de Macaulay Culkin (que nos foram impingidas em tantos Natais consecutivos e acabaram por deixar marca), mantenho-me fiel ao meu filme de Natal. O título em português é uma barbaridade semelhante a SOS Fantasmas, mas os amigos conhecem-no como Scrooged. Bill Murray, príncipe do sarcasmo, é Frank Cross, um executivo televisivo de personalidade asquerosa e com um espírito natalício que faria arrepiar Ebenezer Scrooge, encarregue de produzir uma adaptação do célebre conto de Natal de Charles Dickens e sendo ele próprio vítima de uma ofensiva sobrenatural que tenta transformar o ogre sem coração em gajo porreiro.

James Cross: You know what they say about people who treat other people bad on the way up?
Frank Cross: Yeah, you get to treat 'em bad on the way back down too. It's great, you get two chances to rough 'em up.

Feliz Natal.

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Scrooged

De: Richard Donner

Com: Bill Murray, Karen Allen, Bobcat Goldthwait

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Ano: 1988

20.12.08

Filho de Rambow e JCVD

"É possível humanizar os heróis de acção típicos de décadas menos esclarecidas ao fim de quase dez anos de século XXI?"



Excelente pergunta, voz imaginária. Parece-me que sim. E tenho aqui dois excelentes exemplos. O primeiro estreou esta semana, chama-se Filho de Rambow e é um retrato das agruras da infância partindo de dois rapazes de feitios antagónicos que acabam amigos por acidente e se unem para filmar a sua própria história de Rambo (Rambo 2 e Rambo 3 provaram que qualquer criança será capaz de o fazer).

Classificação: http://inepcia.com/cinemateca/olho4-5b.gif

Son of Rambow

De: Garth Jennings

Com: Will Poulter, Bill Milner, Neil Dudgeon

Origem:

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Ano: 2007



O segundo é JCVD, um delírio belga do franco-argelino Mabrouk El Mechri com um irreconhecível Jean-Claude Van Damme, representando-se a si próprio, com carreira em declínio, atormentado por problemas familiares e de dinheiro, angustiado pela falta de qualidade dos filmes que é forçado a fazer e, como se não bastasse, surpreendido pelo assalto a uma estação dos correios. Quem quiser ver Van Damme no papel da sua vida (que, por ironia do destino, é como ele próprio) pode esperar pela estreia nacional lá para as calendas. Ou nunca.

Classificação: http://inepcia.com/cinemateca/olho4-5b.gif

JCVD

De: Mabrouk El Mechri

Com: Jean-Claude Van Damme, François Damiens, Zinedine Soualem

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Ano: 2008

19.12.08

Fome



Havia dois grupos, certo? Viviam enfiados num canto da Irlanda e não se davam nada bem. Basicamente, por causa de Jesus. Talvez houvesse outros motivos mas era esse o principal. Acho que também havia uma rainha metida ao barulho. Certo dia, um fulano chamado Bobby Sands, que estava preso juntamente com uns colegas de copos e activismo político, decidiu começar uma greve de fome e acabou por morrer, mas não digo de quê para não estragar o suspense.
Muitos anos depois, um tipo chamado Steve McQueen (não esse; um inglês vivo e não um americano morto) decidiu transformar a história no seu primeiro filme e conseguiu ser pungente e ocasionalmente chocante, sem ser lamechas e sem colocar a mensagem política em primeiro lugar. Também ganhou um prémio em Cannes e desconfio que não terá sido apenas por ser um gajo porreiro.

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Hunger

De: Steve McQueen

Com: Michael Fassbender, Liam Cunningham, Stuart Graham

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Ano: 2008

18.12.08

Brad Pitt em Inglourious Basterds



Quentin Tarantino acorda, tem uma ideia estapafúrdia enquanto contempla o seu fácies agreste no espelho da casa de banho e o mundo rende-se a mais um filme de culto. Desta vez, é Inglourious Basterds (sic), narrando as peripécias de um grupo de soldados americanos judeus envolvidos em operações arriscadas na Europa durante a 2ª Guerra Mundial e descrito como situando-se algures entre o western spaghetti e o filme de guerra. À frente de um elenco interessante, o senhor da fotografia acima. Estreia marcada para 2009.

Trailer de X-Men Origins: Wolverine

Falando em super-heróis, o trailer promete.

Presidente da Warner Bros não confirma rumores sobre continuação de The Dark Knight



Quando muitos começavam já a questionar a sanidade mental de Christopher Nolan, depois do Sun ter noticiado que Eddie Murphy seria o Riddler no próximo filme da série (que contaria ainda com Shia LaBeouf como Robin e Rachel Weisz como Catwoman), o presidente da Warner Brothers disse ao site Collider que o projecto está ainda em fase inicial de discussão com o realizador, sem outros desenvolvimentos. O tablóide britânico passa por mentiroso, mas ficam os fãs mais descansados. No entanto, apesar de Nolan ter revelado já a sua antipatia por Robin e pelo lado mais exuberante e colorido dos vilões de Batman, será que as sugestões são assim tão más?

17.12.08

Steven Guttenberg promete/ameaça nova Academia de Polícia

Um dos ícones cinematográficos da década de 80 sai do limbo para tornar pública a sua intenção de protagonizar um oitavo capítulo da saga Academia de Polícia (protagonizou os quatro primeiros e fugiu quando a longevidade começou a afastar a graça). Não se sabe se a intenção terá o apoio de algum estúdio ou se será apenas uma tentativa desesperada de relançar uma carreira que já viu melhores dias (eufemismo), mas "Mahoney" não se fica por aqui e aproveita o seu efémero regresso à ribalta para aludir também a uma continuação de Três Homens e Uma Menina (1990), desenterrando Ted Danson e Tom Selleck e recrutando Leonard Nimoy, realizador do original Três Homens e um Bebé (1987). Sim, o Spock.

A Múmia


Dos monstros clássicos do cinema de horror, a múmia é o que mais facilmente perde o "encanto" com o exercício da lógica. Um aristocrata vampiro? Porque não? Um homem que se transforma em lobo com a lua cheia? Perfeitamente. Um monstro criado a partir de pedaços de cadáveres? Nada que não se faça nas melhores clínicas de estética para animar as longas noites de Inverno. Mas o cadáver embalsamado de um egípcio morto há milhares de anos animado por um espírito de vingança contra os que ousaram perturbar o seu túmulo? Quem já tiver visto uma múmia real saberá que, mesmo devolvidos à consciência, aqueles esqueletos ressequidos dificilmente conseguiriam dar um passo sem se desconjuntar. Mas isso não impediu que se fizessem grandes filmes com múmias vingativas. Ou maus filmes com múmias vingativas (obrigadinho, Stephen Sommers). Um dos maiores foi A Múmia de 1932, com Boris Karloff surgindo enfaixado durante um par de minutos no início do filme, tempo suficiente para justificar o título. Outro igualmente grande saiu dos estúdios britânicos da Hammer. Como na versão de Drácula e Frankenstein da Hammer, os papéis principais voltam a caber a Christopher Lee (completamente enfaixado durante a maior parte do filme, dando a cara e falando apenas num flashback) e ao intrépido arqueólogo Peter Cushing. A história, envolvendo o amor proibido e resistente aos milénios de um sacerdote por uma princesa, é uma variação dos filmes anteriores da Universal, mas o resultado é de tal forma delicioso que ninguém lhe retirará mérito.

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The Mummy

De: Terence Fisher

Com: Christopher Lee, Peter Cushing, Yvonne Furneaux

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Ano: 1959

Ensaio Sobre a Cegueira


Quando lhe foi mostrada a adaptação que o realizador Fernando Meirelles fez de uma das suas obras mais conhecidas, José Saramago chorou. Mesmo sem ter um Nobel (lá chegaremos) e mesmo sem ser o decano da literatura nacional (também), confesso que só a custo reprimi a vontade de fazer o mesmo. Acredito que os meus motivos sejam diferentes dos dele. Saramago terá lacrimejado de comoção por ver o seu imaginário transposto para o grande ecrã de uma forma que, suponho, lhe terá agradado. Já as minhas lágrimas, as tais que não chegaram a existir, seriam de desespero ao recordar, depois de uns vinte minutos de filme, que Ensaio Sobre a Cegueira tem uma duração de 110 minutos e não de 25. Um dos traços da prosa de Saramago é uma certa sobranceria, um certo tom professoral de alguém que, mesmo que o faça de forma involuntária, nos censura de forma subtil e com grande talento do alto do seu púlpito, onde se elevou acima da turba sem que sejamos obrigados a reconhecer-lhe a legitimidade para o fazer. E nas páginas de muitos dos seus livros, sobretudo naqueles que foram escritos com lucidez menos toldada pela idade, o tom acaba por funcionar. No cinema a história é outra. Fernando Meirelles, outro homem de grande talento, conseguiu transpor o tipo de discurso do autor para o filme, assinando uma adaptação competente que fracassa porque, simpatias e orgulhos à parte, Ensaio Sobre a Cegueira nunca consegue deixar de ser um confrangedor e embaraçoso sermão que, mesmo com o preço do bilhete, nenhum de nós encomendou.

Classificação: http://inepcia.com/cinemateca/olho3-5b.gif

Blindness

De: Fernando Meirelles

Com: Julianne Moore, Mark Ruffalo, Danny Glover

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Ano: 2008

Quantum of Solace


No mundo de hoje, há poucas coisas com que possamos contar. Recordes são batidos, mitos caem por terra, Plutão deixa de ser um planeta e Indiana Jones passa de agradável nostalgia a contemporâneo embaraço. Mas vai havendo âncoras que conferem alguma solidez às nossas vidas. Uma dessas âncoras é a interminável saga James Bond. Haja o que houver, haverá sempre uma nova aventura cinematográfica do agente secreto mais célebre do planeta, o que acontece desde 1962, produzindo resultados de qualidade irregular. Com ou sem Aston Martins, pistolas Walther PPK, relógios de pulso que disparam raios laser ou vodka-martinis shaken, not stirred. Em 2006, Casino Royale trouxe Bond para uma era que já não vai na cantiga do espião irresistível, sempre impecavelmente vestido e penteado, de graçola brejeira na ponta da língua e sorriso no canto da boca. E fê-lo por intermédio de um improvável Daniel Craig, um Bond duro como nenhum outro e mais rápido a puxar o gatilho do que a ponderar o delicado equilíbrio entre salvar o mundo, resgatar a bondgirl e dar tempo ao vilão para escapar à justa por uma porta escondida e jurar vingança antes de morrer inesperadamente graças à sua própria perfídia. O público gostou da receita, pediu mais e foi precisamente o que recebeu com Quantum of Solace.

-Interlúdio-

Quantum of Solace? Que se passou? Nada de Agente Implacável, Espião mas Pouco, Agarrem-me Esse Ecoterrorista ou outra tentativa imbecil de tradução espirituosa como as muitas a que, infelizmente, estamos habituados, quer o título seja de tradução complexa ou não? Devemos aplaudir ou ficar preocupados? Será isto apenas a bonança que antecede a tempestade? O próximo filme da série chamar-se-á Este Espião Dá Cabo de Mim?

-Fim de interlúdio-

Resumindo: Não tem o efeito de agradável surpresa do capítulo anterior e é realmente apenas mais do mesmo. Mas o público pede mais do mesmo há quase cinquenta anos e ainda não se cansou. Também não será desta.

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Quantum of Solace

De: Marc Forster

Com: Daniel Craig, Olga Kurylenko, Judi Dench

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Ano: 2008

W.


Começo com uma ressalva. Não simpatizo com George W. Bush. Sei que é uma posição impopular, tratando-se de figura tão estimada pela forma visionária e sábia como tem orientado os destinos dos Estados Unidos (e do mundo) durante os últimos oito anos. Muitos poderão censurar-me esta posição extremada, mas era necessária para opinar sobre um filme que tem o actual presidente americano como eixo central. Ao que parece, não estarei sozinho na minha antipatia e Oliver Stone também não será grande admirador de Bush, o que motivou expectativas de que W. fosse algo de muito diferente. Algo venenoso ou mesmo cruel, revelando sem pudor nem piedade as facetas mais negativas do homem mais poderoso do mundo. Um pouco como Nixon, do mesmo realizador. Não que o filme não se mostre fiel às personagens e aos acontecimentos, antes pelo contrário, e talvez seja precisamente isso a desiludir quem esperava veneno. Josh Brolin é perfeito no papel principal, desde a voz à postura e aos gestos, mas não é nenhum génio do mal. Ao invés, o George Bush de W. é um fulano bem-intencionado e que se esforça por ser agradável e capaz, não sendo ajudado pela competência, pela fluência verbal ou mesmo pela capacidade cerebral. O papel de génio do mal fica para o Dick Cheney de Richard Dreyfuss, perturbador como nunca se viu, num par de cenas sinistras. O principal problema de W. é, assim, a preocupação de imparcialidade (ainda que moderada), que dá realismo ao retrato, mas retira verve à narrativa. E o que vem a ser isso de verve? É uma coisa imaginária. Tal como as armas de destruição maciça de Saddam Hussein.

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W.

De: Oliver Stone

Com: Josh Brolin, Elizabeth Banks, Richard Dreyfuss

Origem: http://inepcia.com/cinemateca/us.gif

Ano: 2008

Destruir Depois de Ler


Sentimo-nos mais seguros imaginando os espiões e agentes secretos como gente infalível na defesa da segurança nacional dos países respectivos e na manutenção do status quo mundial. Mas, tentando ser realistas, perceberemos que a competência absoluta não existe em nenhuma actividade e mesmo um James Bond do mundo real não evitaria intercalar momentos de glamour inegável com circunstâncias de pata valentemente introduzida na poça. O mesmo poderá comprovar Osbourne Cox (John Malkovich), um dos protagonistas de Destruir Depois de Ler, último filme dos irmãos Coen. Afastado de uma posição de responsabilidade na CIA devido a um problema com a bebida, Cox decide ocupar-se com a escrita das suas memórias, sem grande apoio da mulher, mais interessada em coabitar horizontalmente com o amante. Quando um CD com a sua obra é perdido num ginásio, dois dos instrutores, Chad (Brad Pitt) e Linda (Frances McDormand), brincam aos espiões exigindo dinheiro pela restituição da informação sensível. Mas a chantagem revela não ser tão fácil como nos filmes e as coisas acabam por correr horrivelmente mal, num enredo retorcido e com piscadelas de olho constantes à obsessão com a forma física e ao culto do corpo. Filme "padrão" de Joel e Ethan Coen com elenco perfeito (como é habitual) e uma sucessão de momentos de incredulidade perante o que acontece no ecrã (idem).

Classificação: http://inepcia.com/cinemateca/olho5b.gif

Burn After Reading

De: Ethan Coen e Joel Coen

Com: Brad Pitt, George Clooney, John Malkovich

Origem: http://inepcia.com/cinemateca/us.gifhttp://inepcia.com/cinemateca/gb.gifhttp://inepcia.com/cinemateca/fr.gif

Ano: 2008

 

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