Habitualmente, quando a adaptação cinematográfica de um livro consegue ser fiel ao espírito da obra original, isso será um elemento a seu favor. No caso de Anjos e Demónios, o máximo a que se poderia aspirar seria que o filme atingisse os mesmos níveis de idiotia do livro e aí o sucesso foi total. Talvez esteja a ser injusto e Anjos e Demónios seja um livro excelente ou, pelo menos, não tão horrível como seria capaz de jurar que é. Seja como for, não quero transformar um arremedo de crítica cinematográfica num simulacro de crítica literária. Voltemos ao filme. Há uma conspiração para destruir a Igreja Católica e esta vê-se forçada a recorrer, em desespero, aos préstimos de Robert Langdon, um homem que não vai à missa todos os domingos e que nem sempre reza o terço. Há uma beldade coadjuvante, um pérfido vilão subalterno, a soldo de um génio malévolo cuja identidade permanecerá secreta até ao fim, e uma sucessão de enigmas e pistas que culminam num final apoteótico (soa familiar?). Há também inúmeros elementos de comicidade involuntária. O padre a ocupar o cargo de camerlengo (reservado a cardeais). A necessidade que Langdon parece sentir de traduzir para inglês expressões e palavras em italiano para facilitar a compreensão de interlocutores italianos. O facto de um especialista em simbologia e iconografia religiosa (que não se cansa de referir a insistência em ser admitido nos arquivos da Santa Sé para consultar documentos) não saber ler latim. A busca demorada de obras de arte e marcos arquitectónicos que vêm referidos em qualquer guia turístico. Tom Hanks deixou de tentar lá pelo segundo Óscar e Ewan McGregor precisaria de financiar nova expedição de mota por paragens exóticas. Que lhe faça bom proveito.
Classificação:
Angels & Demons
De: Ron Howard
Com: Tom Hanks, Ewan McGregor, Stellan Skarsgård
Origem:
Ano: 2009
Trailer
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