14.3.12

Vergonha



Nada melhor para retomar o contacto após quatro meses de balanço (leia-se: de rapto por um bando de mujahedines cinematográficos que não me perdoou ter odiado o "Avatar") do que falar de um filme chamado "Vergonha". Michael Fassbender (pausa para acomodar suspiros do público feminino e de parte do público masculino) é incómodo e doloroso como Brandon, um tipo simpático devastado pela força irreprimível dos seus desejos mais baixos. Mas isto no melhor sentido possível. Porque uma das vantagens do cinema será permitir-nos usufruir do sofrimento alheio sem sentimentos de culpa, criaturas sádicas e reles que por vezes somos. E que já éramos com "Hunger", o filme anterior, igualmente incómodo e doloroso, de Steve McQueen, realizador inglês que terá muito pouco a ver com esse Steve McQueen em que estão a pensar. Não é o filme ideal para ver com aquela tia da Opus Dei que se queixa de não ir ao cinema há anos e é muito mais do que apenas "aquele filme em que o Michael Fassbender expõe abundantemente a sua... bom... a sua vergonha".

Classificação: http://inepcia.com/cinemateca/olho5b.gif 

2 comentários:

Pulha Garcia disse...

Por coincidência, acabei de chegar a casa depois de ver este filme. Gostei da realização, da selecção de luz e imagem. Mas a história em si é banal, quase previsível. E filme, apesar de realista em várias coisas, perde-se um bocado nas cenas chocantes.

Ps- Excelentes actores ...

Rita Maria disse...

Concordo com a banalidade da história, mas acho que de alguma forma isso lhe acrescenta valor, realismo - é o que é, existe, é assim. Por isso acho que a banalização, a previsibilidade funcionam muito bem.

A mim só me incomodou, só me assustou a vertigem do incesto - o único elemento não linear da história e que às tantas só existiu para mim.

(voltaste!)
(era uma vergonha muito jeitosinha, if I may say so myself)

 

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