29.1.14

O Lobo de Wall Street


Há em O Lobo de Wall Street muito de Goodfellas. Qualquer coisa na estrutura narrativa e na forma como a desprezível personagem principal vai relatando a ação. Talvez seja intencional. Talvez Martin Scorsese tenha querido tornar um filme sobre os jogos financeiros reprováveis de Wall Street parecido com um filme sobre mafiosos, povoando-o com personagens igualmente decalcadas de figuras reais e, sem grande esforço, ainda mais repelentes, faltando-lhe aquela espécie de ingenuidade quase enternecedora (o “quase” muito sublinhado) de Henry Hill e dos seus colegas de profissão. Ou talvez a semelhança seja involuntária e inconsciente. Não importa muito. Mais do que a intenção do realizador, importa que a história de Jordan Belfort seja um filme muito irregular. Arranca com uma força que dá esperanças a quem espera ver em Leonardo DiCaprio um sucessor à altura de Ray Liotta, mas não demora a abrandar, a dar passos trôpegos e, neste ou noutro momento, quase a cair no chão. Há bons momentos em número suficiente para manter o ânimo (o filme seria melhor se fosse menos longo), mas também há momentos mais atabalhoados, arrastados e, à falta de melhor palavra, aborrecidos. Os desempenhos competentes mas em piloto automático de DiCaprio e do restante elenco não fazem grande coisa para compensar e (uma daquelas coisas que não acreditava vir a dizer um dia) a breve aparição de Matthew McConaughey deixa vontade de que tivesse sido menos breve.

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