Che - Guerrilha

Che Guevara foi uma personagem de tal forma complexa que seria impossível fazer-lhe justiça num único filme e foi por isso que se optou por dois. Verdade? Treta. O único motivo para termos uma biografia filmada em duas partes é a vontade de Steven Soderbergh de fazer parecer o seu retrato bipartido mais grandioso do que é. Temos um capítulo dedicado à revolução em Cuba (a ascensão) e outro dedicado à experiência guerrilheira na Bolívia (a queda) apenas porque sim. Também poderíamos ter perfeitamente um capítulo intermédio sobre a aventura africana (Che in the Jungle), para alcançar a sempre cobiçada trilogia, ou mesmo uma recriação dos seriados cinematográficos de outros tempos, com novo capítulo das aventuras do remexido argentino de dois em dois meses, transformando-o no Rambo do quadrante ideológico oposto. Há figuras históricas igualmente complexas e marcantes que foram retratadas de melhor forma num único filme e, pensando melhor o projecto, talvez Che tivesse mais conteúdo e se assemelhasse menos a uma dramatização de acontecimentos verídicos que, demasiadas vezes, é excessivamente exaustiva para o seu próprio bem. Porque se trata da segunda parte do mesmo filme, não há nada de novo a dizer sobre Che - Guerrilha. A maior novidade é o breve vislumbre do nosso Joaquim de Almeida no papel de ditador boliviano que fala em portunhol (com tanto actor hispânico no elenco, ninguém avisou a produção de que aquilo não é propriamente espanhol?), provando uma vez mais que consegue interpretar como ninguém vilões latino-americanos cujas sobrancelhas foram destruídas em acidentes trágicos.

Classificação:

Che: Part Two - Guerrilla

De: Steven Soderbergh

Com: Benicio Del Toro, Demián Bichir, Rodrigo Santoro

Origem:

Ano: 2008