Maradona por Kusturica

Desde os tempos em que era jugoslavo e usava com orgulho o crachá de cineasta oprimido de país mais ou menos totalitário, Emir Kusturica conseguiu criar uma obra que o tornou um dos realizadores europeus mais reconhecíveis e regulares. Quando se soube que o seu último projecto era um documentário sobre um dos melhores futebolistas de todos os tempos, esperou-se o melhor. Mas o dito popular mente e quem espera nem sempre alcança. Maradona de Kusturica falha no momento em que o documentário de autor cede lugar a um desajeitado púlpito para uma série aparentemente interminável de sandices e lugares-comuns expressos tanto por Maradona como pelo próprio realizador. Por exemplo, diz-nos o filme que Bush é uma pessoa desagradável. Tivemos oito anos para o perceber. Será essa a coisa mais pertinente que os dois têm para partilhar? Dieguito confessa a sua admiração por Che Guevara ou Fidel Castro, algo que certamente não se esperaria de uma pessoa que acha Bush um assassino, e diz-nos que o golo marcado com a mão à Inglaterra no Mundial de 86 foi um acto de protesto contra a Guerra das Malvinas. No meio de tudo isto, o maior pecado do sérvio foi ter atribuído demasiado tempo de antena ao Maradona mortal (e também a si próprio), e muito pouco ao Maradona mito, que é quem realmente interessa ao mundo. O outro é deprimente.

Classificação:

Maradona by Kusturica

De: Emir Kusturica

Com: Diego Maradona, Emir Kusturica

Origem:

Ano: 2008