28.1.09

Milk


Vivemos numa sociedade suficientemente esclarecida para que uma pessoa heterossexual possa opinar sobre um filme como Milk sem comentários maldosos. Mas, porque o seguro morreu de velho, queria deixar claro que nunca comprei um disco de Barbra Streisand, não conseguiria dançar mesmo que a minha vida dependesse disso e, apesar de reconhecer a Simone de Oliveira o seu lugar na história da música portuguesa, estou longe de a ver como modelo de vida. Feita a ressalva (Brokeback Mountain é um filme do caraças), o último trabalho de Gus Van Sant retrata a vida de Harvey Milk, primeiro homossexual assumido eleito para um cargo público nos Estados Unidos, com competência e no tom certo, ainda que lhe falte alguma coisa. Depois de duas horas (e picos) de filme, fica-se com a sensação de que, com uma personagem central tão emblemática, Milk poderia ser menos seco, contornando a preocupação biográfica e aplicando um pouco mais do arrebatamento emocional que a figura real que lhe serviu de inspiração mereceria. Sean Penn continua empenhado na especialização em papéis de caracterização extrema que poderá ser vista como fome de Óscares (salva-o ter talento para tal) e Emile Hirsch corre o risco de a cabeça lhe explodir se fizer uma terceira personagem igualmente irritante depois de Into the Wild e do seu papel neste filme (estou a esquecer Speed Racer por bondade). Foi o que aconteceu a Renée Zellweger depois de Jerry Maguire, Bridget Jones e Cold Mountain. Mas a cirurgia plástica resolve tudo hoje em dia. Até um crânio estilhaçado.

Classificação: http://inepcia.com/cinemateca/olho5b.gif

Milk

De: Gus Van Sant

Com: Sean Penn, Josh Brolin, Emile Hirsch

Origem: http://inepcia.com/cinemateca/us.gif

Ano: 2008

Sem comentários:

 

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