17.12.08

W.


Começo com uma ressalva. Não simpatizo com George W. Bush. Sei que é uma posição impopular, tratando-se de figura tão estimada pela forma visionária e sábia como tem orientado os destinos dos Estados Unidos (e do mundo) durante os últimos oito anos. Muitos poderão censurar-me esta posição extremada, mas era necessária para opinar sobre um filme que tem o actual presidente americano como eixo central. Ao que parece, não estarei sozinho na minha antipatia e Oliver Stone também não será grande admirador de Bush, o que motivou expectativas de que W. fosse algo de muito diferente. Algo venenoso ou mesmo cruel, revelando sem pudor nem piedade as facetas mais negativas do homem mais poderoso do mundo. Um pouco como Nixon, do mesmo realizador. Não que o filme não se mostre fiel às personagens e aos acontecimentos, antes pelo contrário, e talvez seja precisamente isso a desiludir quem esperava veneno. Josh Brolin é perfeito no papel principal, desde a voz à postura e aos gestos, mas não é nenhum génio do mal. Ao invés, o George Bush de W. é um fulano bem-intencionado e que se esforça por ser agradável e capaz, não sendo ajudado pela competência, pela fluência verbal ou mesmo pela capacidade cerebral. O papel de génio do mal fica para o Dick Cheney de Richard Dreyfuss, perturbador como nunca se viu, num par de cenas sinistras. O principal problema de W. é, assim, a preocupação de imparcialidade (ainda que moderada), que dá realismo ao retrato, mas retira verve à narrativa. E o que vem a ser isso de verve? É uma coisa imaginária. Tal como as armas de destruição maciça de Saddam Hussein.

Classificação: http://inepcia.com/cinemateca/olho4-5b.gif

W.

De: Oliver Stone

Com: Josh Brolin, Elizabeth Banks, Richard Dreyfuss

Origem: http://inepcia.com/cinemateca/us.gif

Ano: 2008

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