8.12.10

Portanto...

Já devem ter reparado que as actualizações por aqui não têm sido muito frequentes. (A sério? Sim, a sério.) E aposto que, depois de lerem a primeira frase, já estão à espera de uma daquelas patetas certidões de óbito de blogues. Mas não a vão ter. Podem remover o vosso cavalinho (ou besta de carga equivalente) da chuva (ou de fenómeno meteorológico igualmente desconfortável). O motivo? Quem precisa de motivos quando se tem heroína? Não! Não era nada disto, desculpem. Mas ficava bem enfiar uma citação de um filme preferido e não resisti. O motivo real é, basicamente, dispersão por outros afazeres que consomem muito tempo. Continuo a amar-vos a todos como filhos sobrinhos primos enteados pessoas que vêm aqui de vez em quando.

E onde quero eu chegar com isto? Aqui: 

Há para aí um site novo muito engraçado a que a juventude chama "o facebook". Sei que estão lá todos ou quase. Eu também. O que vai acontecer daqui para a frente é que a rubrica (deixem-me chamar-lhe rubrica) "a cinemateca deu cabo de mim" será trasladada (deixem-me dizer trasladada) para esse tal facebook. Convido-vos a juntarem-se a mim e espero que continuemos a ser tão felizes como ao longo dos três anos anteriores. 

Até já.

PS: Quando o facebook estourar, pensamos noutra coisa.


25.11.10

Red

















Um dos elementos mais importantes da antiquíssima arte de expressar opiniões vagamente fundamentadas sobre filmes (de forma profissional ou amadora) será a capacidade de identificar elementos inspiradores e fingir que se conheciam muito bem e há muito tempo. "Red" é a adaptação de uma banda desenhada fabulosa de que não sei nada além do que descobri vendo o filme. (Um dos elementos menos recomendáveis da antiquíssima arte... etc, etc... é a sinceridade.) Mesmo sem nunca ter lido o material de origem, parece-me bastante positivo que se recrutem Bruce Willis, Morgan Freeman, John Malkovich e Helen Mirren para passarem quase duas horas aos tiros e a fazer explodir coisas. Que o façam na pele de agentes da CIA reformados com a cabeça a prémio, também pode ser.

Classificação: http://inepcia.com/cinemateca/olho4-5b.gif

De: Robert Schwentke

Com: Bruce Willis, Mary-Louise Parker, John Malkovich

Origem: http://inepcia.com/cinemateca/us.gif

Ano: 2010

10.11.10

Mistérios de Lisboa

Independentemente dos pergaminhos que acompanhem o realizador chileno Raúl Ruiz, Mistérios de Lisboa é um filme que vê as suas qualidades mutiladas por erros medonhos. A realização é muito cuidada, a estrutura narrativa é cativante (ou tenta sê-lo, não conseguindo totalmente por ser difícil evitar que um filme com mais de quatro horas acabe por cansar) e a recriação de época convence quase sempre. Mas os erros estão lá e vão-nos roendo a paciência ao longo de quase trezentos minutos até ficarmos prontos para gritar. Há os erros nos diálogos. Intermináveis e gritantes pontapés na gramática e falhas na construção de frases, não se percebendo se estavam no texto ou se são culpa dos actores, sem que ninguém os tenha corrigido. E há os actores, claro. Adriano Luz consegue adequar-se no papel de Padre Dinis, mas a maioria dos seus colegas de elenco nem à martelada se adequaria aos papéis respectivos. Maria João Bastos é, no seu melhor, sofrível. Albano Jerónimo começa medíocre e termina como caricatura bidimensional. Ricardo Pereira... Bom, estamos a falar de Ricardo Pereira, alguém cujo principal talento parece ser a promoção dos cuidados dentários pela ostentação constante de uma dentição perfeita. Não a vemos muito no filme porque o encarregaram de dar corpo a um rufia rústico, que arrota de frase em frase e acaba por se transformar num vilão arrependido durão e de cicatriz na face. É tão miseravelmente ridículo como parece. Tão ridículo como Carloto Cotta de peruca e casaca a fazer de senhor setecentista com pronúncia da Brandoa. Ou como Sofia Aparício de dama espartilhada e propensa a desmaios. Ou como vários outros actores nacionais de desempenho doloroso, mais doloroso se tornando quando confrontado com os momentos protagonizados por actores franceses.  Talvez os defeitos de Mistérios de Lisboa se expliquem por termos um realizador a fazer um filme numa língua que não é a sua, confrontado com actores escolhidos numa realidade que não conhece. Mas fica a mágoa pelo filme que poderia ter sido.

Classificação: http://inepcia.com/cinemateca/olho3-5b.gif

De: Raúl Ruiz

Com: Adriano Luz, Maria João Bastos, Ricardo Pereira

Origem: http://inepcia.com/cinemateca/pt.gifhttp://inepcia.com/cinemateca/fr.gifhttp://inepcia.com/cinemateca/br.GIF

Ano: 2010

A Rede Social







 
 
 
 
 
 
 
 Classificação: http://inepcia.com/cinemateca/olho5-5b.gif

The Social Network

De: David Fincher

Com: Jesse Eisenberg, Andrew Garfield, Armie Hammer

Origem: http://inepcia.com/cinemateca/us.gif

Ano: 2010

31.10.10

A Cidade
















 E quem diria que Ben Affleck sobreviveria ao estatuto de anedota com pernas de Hollywood para se tornar um realizador quase (por enquanto) unanimemente considerado como sendo muito promissor. Outro realizador qualquer, depois de Gone Baby Gone e deste The Town, não precisaria de provar mais nada, mas, sendo quem é, vão-se sucedendo as referências do calibre: "Sim, o filme é realmente bom, mas..." E os "mas..." referem-se quase sempre à dificuldade de conciliar talento atrás das câmaras com a muito apregoada falta de talento como actor, que nem sequer é digna de crédito (há filmes bons, maus e assim-assim tanto na filmografia de Ben Affleck como na de Robert De Niro; em menor quantidade no que diz respeito ao primeiro, mas é dar-lhe tempo). Admite-se, no entanto, que é invulgar que um actor parta de onde Affleck partiu (esquecendo o Óscar partilhado pelo argumento de Good Will Hunting) e consiga inverter por completo a sua reputação, alcançando o reconhecimento como realizador. Estas coisas não acontecem. Clint Eastwood que o diga.

Classificação: http://inepcia.com/cinemateca/olho5b.gif

The Town

De: Ben Affleck

Com: Ben Affleck, Jeremy Renner, Rebecca Hall

Origem: http://inepcia.com/cinemateca/us.gif

Ano: 2010

Actividade Paranormal 2















Está tudo no título. Actividade Paranormal 2 não quer mais do que dar continuidade ao seu bem-sucedido antecessor. Claro que o efeito não será o mesmo porque já sabemos o que esperar (uma sucessão de imagens banais do quotidiano familiar em que, de repente, acontece algo que não deveria acontecer). E isto faz-nos ficar a olhar para o ecrã, procurando portas que possam abrir-se ou fechar-se sozinhas, objectos que comecem a mover-se inexplicavelmente, ângulos que permitam antecipar o pior. Tudo sem música e sem grandes efeitos sonoros, mantendo-se a aparência de imagem captada por acaso (desta vez, com câmaras de vigilância entrecortadas com os vídeos familiares dos residentes na casa). As pontas soltas deixadas no argumento do filme anterior, que se segue a este na sequência narrativa, vão sendo devidamente atadas e agradece-se o esforço.

Classificação: http://inepcia.com/cinemateca/olho5b.gif

Paranormal Activity 2

De: Tod Williams

Com: Sprague Grayden, Brian Boland, Molly Ephraim

Origem: http://inepcia.com/cinemateca/us.gif

Ano: 2010


29.10.10

Agentes de Reserva















Por aqui, gosta-se de Will Ferrell. É melhor começar por explicar isto. E gosta-se dele mesmo quando se associa a projectos que desiludem ou que podiam ser mais engraçados do que acabaram por ser. A devoção vai ao ponto de se continuar a gostar de Will Ferrell depois de o ver num filme completamente desenxabido como Melinda e Melinda, mas aceita-se que qualquer actor gostasse de ter um Woody Allen no currículo. Feita a ressalva, diga-se que, desta vez, a confiança não foi traída. The Other Guys (Agentes de Reserva pela alma de uma santa qualquer, padroeira das traduções imbecis) tem realmente bastante piada, como já tinham  outras empreitadas de Adam McKay como Step Brothers, Talladega Nights e, acima de tudo, esse colosso da comédia recente que foi Anchorman: The Legend of Ron Burgundy (nunca estreado entre nós por alma de uma santa associada à primeira mas com a tutela das péssimas decisões de mercado). E que as referências insistentes e devotas a Will Ferrell não façam pensar que são menos dignos de louvor os méritos de Mark Wahlberg, Steve Coogan, Samuel L. Jackson, Dwayne Johnson (preferia quando lhe podíamos chamar "The Rock") ou Eva Mendes.

Classificação: http://inepcia.com/cinemateca/olho5b.gif

The Other Guys

De: Adam McKay

Com: Will Ferrell, Mark Wahlberg, Eva Mendes

Origem: http://inepcia.com/cinemateca/us.gif

Ano: 2010

6.10.10

Tamara Drewe


















Tanto que prometia. Um cartaz tão colorido, um trailer promissor, banda desenhada como material de origem da adaptação (nem sempre é positivo, mas é bom pensar que sim) e, afinal, Stephen Frears consegue ser propositadamente banal, sem sequer aparentar arrependimento. O talento de Gemma Arterton fica bem patente em vários momentos, quando a actriz não está sentada em cima dele.

Classificação: http://inepcia.com/cinemateca/olho4b.gif

Tamara Drewe

De: Stephen Frears

Com: Gemma Arterton, Roger Allam, Tamsin Greig

Origem: http://inepcia.com/cinemateca/gb.gif

Ano: 2010


29.9.10

Solitary Man
















A propósito de títulos portugueses idiotas, li há pouco tempo um texto num jornal qualquer em que as distribuidoras se justificavam, dizendo que a "originalidade" se explicava ou pela dificuldade de ser fiel ao título original ou pela necessidade de atrair o público certo para determinado filme. Recorrendo ao título que escolheram para Bee Movie, apetece dizer: 'Tá bem, abelha! Neste caso em particular, qualquer tradutor automático consegue converter Solitary Man num título perfeitamente adequado em português e O Eterno Solteirão atrairá público à espera de uma comédia dos irmãos Farrelly e não de um filme muito agradável em que Michael Douglas consegue acrescentar mais um à lista de motivos para lhe desejarmos as melhoras e para esperar que a sua voz mantenha o timbre por muitos e bons anos.

Classificação: http://inepcia.com/cinemateca/olho5b.gif

Solitary Man

De: Brian Koppelman e David Levien

Com: Michael Douglas, Jesse Eisenberg, Imogen Poots

Origem: http://inepcia.com/cinemateca/us.gif

Ano: 2009


Hot Tub Time Machine
















A premissa era suficientemente estúpida para augurar coisas muito positivas com o elenco escolhido. Não falha por completo, mas também não vai além de satisfazer as expectativas mais básicas de que não fosse uma estopada sem graça. Não o é, mas sabe a pouco. O título português "Jacuzzi, o Desastre do Tempo" é suficientemente estúpido para... Não. É mesmo só suficientemente estúpido. Se o objectivo ao atribuir títulos "criativos" como este é conseguir que ninguém veja o filme, porque se dão ao trabalho de o estrear?

Classificação: http://inepcia.com/cinemateca/olho4b.gif

Hot Tub Time Machine

De: Steve Pink

Com: John Cusack, Craig Robinson, Rob Corddry

Origem: http://inepcia.com/cinemateca/us.gif

Ano: 2010

17.9.10

Até ao Inferno
















Escreve-vos um homem destroçado. Anos a ansiar pelo regresso de Sam Raimi ao género que o tornou célebre, meses a esperar para ver este promissor Drag me to Hell, vê-se finalmente o filme e que resta? A desilusão. O choro. A vontade de arrancar os olhos a golpes de corta-unhas e de perecer afogado num tanque de óleo rançoso. Porquê, Sam Raimi? Porquê um filme tão mau? Porque me desiludes de forma tão cruel?! Não tenho muito mais a dizer além de... Ah! Apanhados! Sequem lá as lágrimas, por favor. Estamos perante a estreia (muito atrasada) em Portugal de um filme que nos faz agradecer a libertação do realizador da série Homem-Aranha (onde fez coisas maioritariamente positivas) para lhe permitir variar e fazer coisas que nos motivam graças à providência pela invenção do celulóide. Um filme que, sem exageros, consegue revitalizar sozinho o horror cinematográfico, provando que é possível provocar sustos reais sem assassinos em série, sem adolescentes histéricos e sem recauchutar material japonês ou coreano. Bem haja, Sr. Raimi, bem haja.

Classificação: http://inepcia.com/cinemateca/olho5-5b.gif

Drag me to Hell

De: Sam Raimi

Com: Alison Lohman, Lorna Raver, Justin Long

Origem: http://inepcia.com/cinemateca/us.gif

Ano: 2009

Karate Kid
















Recentemente, vi um pequeno filme chamado Wax On, Fuck Off, com Ralph Macchio, o lendário Daniel LaRusso de fama karatesca, protagonista dos três primeiros filmes da série Karate Kid. É um trailer fictício de um filme que não existe, um documentário sobre o drama do actor, forçado por quem o rodeia a aproximar-se mais da imagem da vedeta juvenil ultrapassada, rancorosa e dilacerada pelo vício. Às tantas, vemo-lo sentado no chão, suspirando de mágoa ao lado de um cartaz do novo Karate Kid. Tudo para a galhofa, claro, porque, de certeza, Macchio não terá qualquer problema com esta nova versão do "clássico" e saberá perfeitamente que nunca foi um grande actor e que os filmes que lhe deram fama mundial valiam mais pela química com o saudoso Pat Morita, pela mística dos anos 80 e pelo apelo de ver um falhado erguer-se da humilhação e arrebatar o troféu das fuças esmurradas dos seus humilhadores do que pela qualidade do elenco, do enredo ou da representação. Talvez por isso o novo Karate Kid não guarde grande coisa da série original, além da premissa do miúdo recém-chegado a paragens estranhas, maltratado pelos rufias locais e abrigado sob a asa de um dotado mas muito discreto artista marcial asiático. Quanto ao resto, reduz-se consideravelmente a idade do protagonista juvenil, substitui-se o karaté pelo kung fu e transfere-se tudo para Pequim. O resultado não só consegue ser fiel ao espírito do original, como, com toda a sinceridade e sem conseguir duplicar a mística, é um filme melhor.

Classificação: http://inepcia.com/cinemateca/olho4b.gif

The Karate Kid

De: Harald Zwart

Com: Jaden Smith, Jackie Chan, Taraji P. Henson

Origem: http://inepcia.com/cinemateca/us.gifhttp://inepcia.com/cinemateca/cn.gif

Ano: 2010



E, já agora:


10.9.10

Bilbo Baggins já tem cara no novo projecto de Peter Jackson?



















Tudo indica que sim.

9.9.10

Predadores














Há qualquer coisa fascinante no Predador, qualquer coisa que o eleva acima da mediania dos monstros de ficção científica. Talvez seja uma certa nobreza que transpira da personagem. É verdade que os predadores matam humanos com requintes cruéis, mas fazem-no por desporto e não realmente por maldade. No fundo, são adepos do fair-play (que, afinal, parece não ser uma treta). O mesmo não se poderá dizer do Alien, por exemplo, escondendo-se em cantos escuros e surpreendendo quem passa com uma dentada na cabeça. Ou talvez seja só o penteado, o segundo melhor num extraterrestre a seguir ao da Princesa Leia (sim, é uma extraterrestre... "in a galaxy far far away", lembram-se?).  E mesmo que aquilo não seja tecnicamente cabelo. Voltando à premissa do Predador original de John McTiernan (um grupo duro de roer perseguido numa selva pouco amistosa por um caçador alienígena ainda menos amistoso) e afastando-se de um mais urbano e menos convincente Predador 2 e da esquisitice de Alien Vs. Predator, Robert Rodriguez consegue injectar ânimo na saga enquanto produtor, com Adrien Brody à altura de Schwarzenegger (ora aqui está uma coisa muito estranha para se dizer).

Classificação: http://inepcia.com/cinemateca/olho4-5b.gif

Predators

De: Nimród Antal

Com: Adrien Brody, Topher Grace, Alice Braga

Origem: http://inepcia.com/cinemateca/us.gif

Ano: 2010



8.9.10

Entre Irmãos
















Não me lixem. Há coisas piores do que ir para a guerra do Afeganistão, ser dado como morto e chegar a casa para descobrir que a "viúva" se tornou muito amiga do problemático irmão mais novo, acabado de sair da prisão. Sam, um dos irmãos referidos no título do último filme de Jim Sheridan a estrear por cá (baseado num original dinamarquês de 2004), podia, por exemplo, voltar para casa depois de uma morte anunciada e descobrir que a "viúva" engravidara duas vezes do seu pai e parira crianças que seriam, ao mesmo tempo, seus irmãos e enteados. Já para não falar no drama que traria uma mudança de sexo da senhora, seguida por carreira meteórica no nicho restrito da pornografia zoófila. Claro que o realizador de My Left Foot e In the Name of the Father nunca realizaria um filme com estes enredos (talvez depois de sofrer um esgotamento). Mas Entre Irmãos também não está nada mal, graças, em grande parte, a um elenco com intepretações impecáveis, da pequena Bailee Madison ao trio constituído por Natalie Portman, Jake Gyllenhaal e por um Tobey Maguire sem vontade de honrar a imagem do geek simpático e inofensivo.

Classificação: http://inepcia.com/cinemateca/olho5b.gif

Brothers

De: Jim Sheridan

Com: Tobey Maguire, Jake Gyllenhaal, Natalie Portman
 
Origem: http://inepcia.com/cinemateca/us.gif

Ano: 2009



2.9.10

Os Mercenários
















Há mais de um ano, escrevi isto por aqui: 

Não se sabe grande coisa do enredo, mas há grandes probabilidades de este ser o melhor ou o pior filme de todos os tempos.

Depois de ver o filme, fiquei a saber isto sobre o enredo: não há. Quer dizer, não há mais do que qualquer coisa que se assemelha a um fio condutor, envolvendo uma ditadura latino-americana imaginária, um ditador sanguinário, um americano sem escrúpulos a puxar-lhe os cordelinhos, uma beldade a salvar, gente a ser chacinada aos magotes, armas de calibre elevado e facas, muitas facas. Se houver tema em The Expendables, será, sem dúvida, o fascínio de um homem pelo seu facalhão. Ou facalhões. Ao ponto de aprendermos que os homens a sério ocupam o seu tempo a atirar facas a alvos, para deixar bem claro quem tem a faca maior e mais certeira. Ainda que se diga muitas vezes que o que importa não é o tamanho da lâmina, mas sim a forma como se corta o fiambre. Voltando à citação, admito que me enganei. Não é o melhor nem o pior filme de todos os tempos. É um esforço bem-intencionado para juntar no mesmo filme uma boa parte dos homens que foram suportando durante décadas o género "filme de acção com violência gratuita e explosões muito caras". Não se perdoa terem deixado Van Damme de fora, mas sabe bem ver Stallone a contracenar com Dolph Lundgren depois do seu épico combate em Moscovo ou ter Rocky, o Exterminador Implacável e John McClane na mesma cena. Além das explosões e da violência não há grande coisa que ver e é pena, mas, quando se começa a pensar nisto, surge Rambo a cortar a cabeça e a mão a dois rufias diferentes com a mesma faca. E tudo é perdoado.

Classificação: http://inepcia.com/cinemateca/olho3-5b.gif

The Expendables

De: Sylvester Stallone

Com: Sylvester Stallone, Jason Statham, Mickey Rourke

Origem: http://inepcia.com/cinemateca/us.gif

Ano: 2010

30.8.10

Drag Me to Hell

Vem tarde. Mas antes isso que nunca.

18.8.10

O Último Airbender


Funciona mais ou menos assim. Alguém com público considerável decide pegar num actor ou realizador e, sem mais nem menos, transforma-o numa piada. Nem sequer é a primeira vez que acontece. Aconteceu com Ben Affleck, por exemplo, transformado em "pior actor de sempre" por culpa de um par de filmes desastrosos e de uma igualmente infeliz coabitação com Jennifer Lopez (mesmo que tivesse provado várias vezes e continuando a fazê-lo hoje que o título não era merecido). M. Night Shyamalan era outro alvo ideal. A sua ascensão meteórica com êxitos sucessivos e a definição de um estilo próprio e muito imitado estava mesmo a pedir uma queda igualmente estrondosa. E quem não aprecia uma boa história de sublimação seguida de trambolhão, mesmo que seja preciso forçar as coisas um bocadinho? Lady in the Water e The Happening não são tão maus como toda a gente diz, papagueando coisas que se ouviram ou leram e que, por isso mesmo, terão de ser verdades absolutas. Padeciam, é verdade, do terrível pecado de não chegarem aos calcanhares dos filmes excelentes que os antecederam. Com este Último Airbender passa-se algo parecido. Também não consegue ser tão mau como quase toda a gente o pinta. Mas é outras coisas. O quê? Por exemplo, o pior filme de um realizador que apagou por completo todos os seus traços distintivos, até ficar irreconhecível. Ou uma adaptação quase competente de uma série de desenhos animados com bastantes méritos. Porquê o quase? Para começar, o filme não consegue escapar a ser mortiço. Os actores parecem atordoados, os efeitos especiais frequentes são chochos. Falta espectacularidade ao efeito final. E havia muitos pretextos para ela. Além disso, o enredo abusa da narração em off, talvez pela necessidade de condensar tantos episódios da série original em menos de duas horas. Em vez de nos ser permitido assistir a um acontecimento fulcral e impressionante, ouvimos a voz de uma personagem contar-nos que aconteceu e nós não vimos, possivelmente por não sermos merecedores. Chateia. Se é só isto, qual o motivo de tanto ódio? Não sei. Talvez os fãs desiludidos da série formem um lobby poderoso. Talvez os promotores da maledicência odeiem indianos (além do realizador, será provavelmente o filme de Hollywood com mais indianos desde Indiana Jones e o Templo Perdido).

Para quem não tem tempo a perder e não quis ler isto tudo, cá vai o resumo: Perderá alguma coisa quem não vir O Último Airbender (sem o Avatar que precedia o título do original televisivo para não haver confusões com os irritantes extraterrestres azuis de James Cameron)? Nem por isso. É o pior filme da década? Não. Nem será o pior filme do ano (já não é). Aliás, nem consegue ser pior do que o outro Avatar.

Classificação: http://inepcia.com/cinemateca/olho3b.gif

The Last Airbender

De: M. Night Shyamalan

Com: Noah Ringer, Dev Patel e Nicola Peltz

Origem: http://inepcia.com/cinemateca/us.gif

Ano: 2010


 

a cinemateca deu cabo de mim © 2008. Chaotic Soul :: Converted by Randomness