25.1.13

Django Libertado

Quentin Tarantino queria dar aos negros americanos um herói que lhes vingasse a escravatura com os contornos sangrentos que séculos de crueldade desumana justificavam. Mesmo que precisasse de inventar um. Queria também continuar a teorizar sobre a vingança e fazer um western spaghetti moderno. Se conseguiu atingir o primeiro objetivo e se o seu herói foi aceite pelos destinatários, perceber-se-á com o tempo. O segundo e o terceiro objetivos foram atingidos em cheio. Há menos momentos rocambolescos do que em filmes anteriores, mas não ao ponto de tornar Django irreconhecível como "filho" de seu "pai". Elenco perfeito, alguns cameos saborosos e outra vez aquele talento especial para gerir os atores e arrancar-lhes desempenhos contidos e convincentes mesmo quando tudo em redor é completa e saborosamente desvairado.

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Seis Sessões

O tema tornava muito difícil escapar à lamechice e o maior mérito do filme será esse. Não estando completamente ausente (talvez fosse impossível), o sentimentalismo é roçado de forma suficientemente ligeira para não causar grande incómodo a quem for mais sensível ao apelo à lágrima. John Hawkes sublinha o que já vinha sugerindo há alguns anos: que é um ator a seguir com atenção; Helen Hunt foi resgatada ao buraco da insignificância para fazer de si própria (desta vez com menos roupa); e William H. Macy acaba de polir o quadro de forma inevitavelmente capaz como o padre católico mais aprazível do cinema recente.

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23.1.13

00:30 A Hora Negra



Uma coboiada eficiente que, em jeito de documento histórico apressado (estreou meros dezanove meses após o acontecimento que pretende retratar) cumpre o objetivo de proporcionar o final "feliz" exigido por um país desesperado pela digestão do 11 de Setembro, deixando bem claro quem eram os bons e os maus da história. É a exposição possível de um ato de vingança épica cujo secretismo e cujas inúmeras incoerências e espaços em branco saem mais favorecidos num retrato ficcionado. A meia hora final não precisava de uma justificação de duas horas. E The Hurt Locker era mais filme e menos propaganda. 

Classificação: 
 

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